sábado, 19 de setembro de 2015

Nzinga Mbandi (1583–1663)

Nzinga Mbandi, rainha de Ndongo e Matamba (atual Angola)
Nzinga Mbandi nasceu por volta de 1580, filha de Ngola - o rei de Ndongo. Tinha um irmão e duas irmãs. 

A sua infância moldou-se numa época que viu o poder nascente de Portugal e a formação do comércio de escravos no Atlântico.
Na década de vinte do século XVII tentou negociar, por parte do seu irmão (na altura, o rei), com os portugueses. Todavia, as negociações não correram muito bem. Mbandi acreditava que os portugueses queriam prejudicar o seu povo e, por isso, formou um exército feminino que seguiria a lutar. Mas as armas e o número eram muito inferiores em comparação com os portugueses, e acabou por perder a batalha.
Mais tarde, o seu irmão e o seu sobrinho morreram - dizem algumas fontes que Mbandi os assassinou. Sendo ou não verdade, ela herdou o trono, proporcionando um ataque português.
Perante o perigo, Mbandi aliou-se aos holandeses (adversários dos portugueses em África) e empenhou os seus exércitos contra a ameaça. Mas sofre outra derrota e, desta vez, é expulsa do seu reino.Os portugueses, como chacota, colocaram um boneco no trono de Nzinga.
Nezinga e as suas forças marcharam para este e conquistaram o reino de Matamba. 
É importante referir que, mesmo possuindo imensos soldados holandeses, as mulheres eram, sem dúvida, a grande maioria e quem mais influência tinha na sua corte, A própria Nezinga fazia questão de provar a sua influência, ignorando a vestimenta feminina durante os rituais cerimoniais, com a espada pendurada ao pescoço pela bainha.
A seu tempo, Nezinga interrompeu o comércio de escravos português, fazendo com que estes últimos avançassem novamente contra si. Ao fazerem-no, deixaram Luanda desprotegida, tornando-a vulnerável aos holandeses - que a conquistaram em 1641. Nezinga, entretanto, estabelecera-se nas margens do rio Dande, de onde conseguiria fazer a guerra com os usurpadores de Ndongo. 
Nzinga e o seu exército feminino ganharam guerras contra os portugueses em 1643, 1647 e 1648. Todavia, numa outra batalha, a sua irmã foi capturada, obrigando-a a negociar a paz com os Portugueses - o que aconteceu em 1656.
Nezinga morreu aos 81 anos. O seu corpo foi publicamente exposto, vestido com trajes de Ngola e cada mão segurava o arco e as flechas. Depois, e a seu pedido, foi enterrada vestida de freira católica, com um rosário e um crucifixo.
Nezinga é hoje certamente uma guerreira e uma rainha esquecida mas, no século XVII ganhou prestigio internacional pela sua diplomacia e táticas militares exímias. As suas capacidades em travar guerra, as negociação e alianças ajudaram-na a manter inactivo o colonialismo português - pelo menos durante a sua vida.



                                                                  

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